A palavra da moda – sustentabilidade – já chegou ao varejo. Produtos verdes, ecobags, reciclagem etc. Agora está na hora do comércio sair do discurso ideológico e integrar essa onda verde na sua gestão. É preciso pensar em toda a cadeia produtiva de forma sustentável, desde a contratação dos vendedores até a saída do consumidor da loja. Muitas lojas utilizam o conceito sustentável como um diferencial. Porém, a tendência é que ele faça parte de todo o processo de gestão do estabelecimento.
Segundo o sociólogo e diretor do Observatório de Sinais (São Paulo/SP) – escritório de tendências socioculturais e de consumo e também um instituto de pesquisas -, Dario Caldas, a questão da sustentabilidade ainda é um diferencial, no presente, para produtores e varejistas. “Trata-se de uma tendência em franco amadurecimento, com resposta cada vez mais forte por parte do consumidor, cujo perfil ‘ecossensível’ está em ascensão e ainda deve ganhar paulatinamente as classes de renda mais baixa”, salienta.
A médio e longo prazo, ele diz que a sustentabilidade tende a ser incorporada como algo apenas necessário. Um processo semelhante ocorre com a penetração da tecnologia no varejo. “As lojas podem atrair consumidores através da adoção de práticas sustentáveis, do mesmo modo que procuram se diferenciar introduzindo novidades tecnológicas. Mas o momento da novidade em relação à sustentabilidade já passou, se olharmos para um plano macro”, avalia.
VALOR – A conclusão de uma pesquisa do Walmart é que o consumidor norte- americano paga, em média, até 5% a mais por um produto verde. É possível chegarmos a esse patamar, no Brasil, mas Caldas ressalta que o problema é que os preços no Brasil já estão em geral muito altos, e mesmo que não estejam tão altos, a sensação do consumidor é que subiram muito nos últimos anos. “Não vejo espaço para nenhum tipo de despesa compensatória, que premie ações sociais ou ambientais (a não ser para um grupo muito restrito de consumidores), enquanto as condições macroeconômicas não melhorarem, afetando a percepção do consumidor sobre o preço, inclusive na comparação com os importados – e, infelizmente, não há previsão de que isso ocorra nos próximos anos”, lamenta.
Por outro lado, ele enfatiza que o acréscimo de preço só se justifica se o consumidor efetivamente perceber mais valor, e isso nem sempre acontece com os produtos ditos sustentáveis. “Falta tecnologia e design para que eles consigam comunicar esse valor, algo que as indústrias estão perseguindo com muito afinco, como mais uma estratégia de competitividade”, fala.
Fonte: Fashion Mag