O BNDES projeta uma alta no investimento da indústria, mas em um ritmo menor do que a média geral. A indústria, segundo o banco, avançará 22%, enquanto os investimentos totais subirão 29%. Em três setores, porém, o BNDES prevê queda nos investimentos: usinas de etanol, siderúrgicas e mineração.
O resultado geral melhorou. No ciclo 2011-2014, os oito setores pesquisados projetavam investimentos de R$ 615 bilhões. O ciclo seguinte, de 2012-2015, apresentou redução, para R$ 579 bilhões. Agora, no estudo mais recente, a projeção para o ciclo 2013-2016 voltou a subir e ficou em R$ 655 bilhões.
Na siderurgia, o terceiro trimestre de 2012 consolidou nas empresas um cenário de ajustes diante da fraca demanda. Os investimentos deverão cair 21,4% no ciclo 2013-2016, para R$ 27,81 bilhões. Com a crise, Usiminas, Gerdau e CSN reduziram custos e adiaram investimentos.
Nas mineradoras, são R$ 57 bilhões em investimentos mapeados, queda de 15%. Em dezembro, a Vale informou que fará investimentos menores neste ano e em 2014. Serão R$ 32 bilhões neste ano, 7% abaixo dos R$ 34,3 bilhões de 2012. Em 2011, a Vale investiu R$ 35,3 bilhões.
Já o setor do etanol, depois da forte expansão em meados da década passada, entrou em crise a partir de 2008. Muitas usinas quebraram, outras foram vendidas. O País precisou importar dos Estados Unidos e frear o consumo interno. O resultado: no ciclo 2008-2011 foram investidos R$ 47,22 bilhões e, agora, o BNDES projeta apenas R$ 4,62 bilhões em aportes até 2016.
Para a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), o aumento de 6,6% no preço da gasolina – referência para o preço do álcool – e a elevação da mistura de etanol no combustível de 20% para 25% são medidas importantes para aliviar a crise, mas somente um marco regulatório para o biocombustível, com política de preços de longo prazo e definição de seu papel na matriz energética brasileira, poderá retomar investimentos.
Apesar dos problemas nesses setores, o superintendente da área de pesquisa do BNDES, Fernando Puga, disse que não há indícios de “primarização” da economia. “O fato de o mercado interno estar puxando tende a favorecer setores que estão mais na ponta da cadeia produtiva, como o automotivo.”
No setor automobilístico, o estudo do BNDES aponta alta de 50% nos investimentos de 2013 a 2016, somando R$ 63 bilhões.
O grupo PSA Peugeot Citröen manteve seu plano de investimentos, mesmo com prejuízo de 5 bilhões em 2012. Somente no lançamento do Peugeot 208, que exigiu ampliação da fábrica de Porto Real (RJ), foram aplicados R$ 800 milhões, de R$ 3,7 bilhões previstos para 2010 a 2015.
O setor de óleo e gás prevê alta de 47%, com R$ 405 bilhões em investimentos até 2016. Mas, para Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria, há um grau de incerteza na execução dos projetos, com possibilidade de atrasos.
Fonte: Estadão