Ministro da Fazenda afirma que a visão sobre como enfrentar a crise é convergente e que desoneração da folha de outros setores será anunciada em breve
Lucas Sampaio
Após participar da reunião do conselho diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na noite desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo está em sintonia com o setor sobre quais medidas tomar para salvar a indústria brasileira.
O ministro afirmou que discutiu com os empresários, durante a reunião, os grandes problemas que afetam a indústria do país e como enfrentá-los. “Existe uma visão convergente do governo com a indústria sobre como enfrentar a crise”. Para Mantega, é apenas uma questão de acertar o passo. “Eles sempre querem uma desoneração maior, mas os caminhos são convergentes. O governo quer que a indústria sobreviva”.
Desoneração da folha – Apesar de não ter anunciado nenhuma medida concreta na coletiva de imprensa realizada na sede da Fiesp após a reunião, o ministro da Fazenda disse que falta se reunir com poucos setores da indústria para anunciar a ampliação da desoneração da folha de pagamentos.
“Já discutimos com a maioria deles. Faltam um ou dois setores, que vou conversar essa semana”, disse Mantega, sem dar prazos. “Será o mais breve possível”. Ele disse que, dentro das medidas de desoneração que serão anunciadas, haverá preferência por setores que utilizam mão de obra intensiva e empregam muitas pessoas – e citou as indústias de autopeças, móveis, naval e de aviação.
Plano Brasil Maior – Em agosto do ano passado, o governo anunciou o Plano Brasil Maior, com medidas de incentivo à indústria nacional, mas que ainda não foram completamente implementadas e frustraram as expectativas do setor industrial e da própria presidente da República. O plano anunciava a desonerada sa folha de pagamentos de alguns setores em caráter “experimental”. Foi substituída a contribuição de 20% ao INSS por uma taxa sobre o faturamento de quatro setores da indústria. As alíquotas médias definidas foram de 1,5% para calçados, têxteis e móveis e de 2,5% para software.
Desta vez, Mantega promete que a alíquota será menor, possivelmente abaixo de 1,5%. O plano também incluía, entre outras medidas, a devolução de PIS/Cofins para exportadores de manufaturados, a criação de um fundo de financiamento a exportação e um regime tributário especial para o setor automotivo.
Ele disse, à época, que a desoneração da folha de pagamento era “fundamental” para que o setor produtivo no Brasil reduzisse seus custos de produção e se tornasse mais competitivo. “A desoneração da folha de pagamento de quatro setores é experimental, mas a ideia é generalizá-la no futuro”.
Consumo – Além da desoneração, Mantega deixou clara – mais uma vez – a intenção de estimular o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) por meio da movimentação do varejo. Daí a prorrogação da redução do IPI para bens de consumo, as novas alíquotas para alguns materiais para construção e o IPI zero para móveis. “Queremos movimentar os grandes magazines que vendem móveis. Isso ajuda a reduzir na reforma e ajuda na casa própria”, afirmou o ministro.
Mantega ainda disse que a Fazenda optou por contemplar os setores mais afetados pela crise mundial – e que as medidas anunciadas nesta segunda-feira devem estimular a indústria de construção. “Os setores que tiveram redução de vendas e têm impacto importante na produção e na renda acabam tendo um efeito multiplicador na indústria, além de sofrerem concorrência internacional”, disse o ministro, evidenciando mais uma vez a preocupação do governo com a falta de competitividade do produto brasileiro ante a concorrência internacional. “Não será a crise que derrubará a indústria brasileira”, afirmou.
Fonte: Veja