Da Agência Brasil
Para a conferência que discute o futuro do planeta, em Paris, a COP21, o Brasil leva a meta de aumentar de 28% para 33% até 2030 as fontes renováveis de energia, como eólica, solar, biomassa, entre elas o etanol, na matriz energética.
A meta desconsidera as hidrelétricas que, embora sejam renováveis, causam impacto ambiental e social por causa das barragens.
A proposta tem o objetivo de reduzir o uso do carvão e de combustíveis derivados do petróleo, como o diesel, a gasolina e o querosene.
Utilizados em aviões, caminhões, carros e nas usinas termelétricas – para geração de eletricidade –, são considerados vilões do efeito estufa, por liberar gás carbônico na atmosfera.
Na 21ª Conferência das Parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que vai até 11 de dezembro, é esperado um acordo para diminuir os incentivos governamentais a esses combustíveis, os chamados subsídios.
De acordo com a organização não governamental (ONG) Greenpeace, a meta do Brasil de ampliar a oferta de energias renováveis, desconsiderando as hidrelétricas, é acertada, mas pouco ambiciosa.
Para a ONG, o ritmo natural de crescimento dessas energias no país já é maior do que a meta do governo.
“É uma lógica parecida com o compromisso pela redução do desmatamento, apresentam uma meta mais fácil de cumprir para depois dizer que superou”, diz o coordenador da Campanha Clima e Energia, Ricardo Baitelo.
De acordo com o ativista, o governo considera que haverá um aumento da demanda de energia e, dentro desse aumento, se prepara para oferecer fontes renováveis, por exemplo.
“Esse número do governo [de 28% para 33%] significa que o Brasil terá 3 mil megawatts por ano a mais em novas [energias] renováveis e acreditamos que o Brasil poderia ter 4 mil”, destacou.
Hoje o Brasil tem produzido energia elétrica de fato, principalmente por meio de usinas hidrelétricas. Junto com as fontes fósseis, as usinas são responsáveis por 83% do total da eletricidade gerada no país, bem mais que os 16% gerados pelas renováveis.
Com a meta anunciada pelo governo, a previsão é que as fontes renováveis em 2024 gerem 28% da eletricidade, sendo 3% de fonte solar, também chamada fotovoltaica, e 12% de energia eólica.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a eletricidade produzida pelo sol e pelos ventos era insignificante em 2004.
Dez anos depois, por meio de financiamento estatal aliado à queda de preços dos equipamentos, a energia eólica chegou a 5% do total da eletricidade gerada em 2014, embora a energia fotovoltaica ainda estivesse engatinhando (0,02%).
Energia eólica
De acordo com a presidenta executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, por ser uma fonte não poluente, a produção dessa energia é uma tendência mundial. No Brasil, com as condições naturais favoráveis, a vantagem é ainda maior.
“Segundo fabricantes de equipamentos, o Brasil tem o melhor vento do mundo para a produção de energia eólica”, afirmou Elbia.
A produtividade por máquina no país, acrescentou, também está acima da média europeia e americana, o que favorece a redução de custos. Ela acredita que o país já tem experiência para ampliar a produção no setor.
Renováveis dependem de financiamento
Como a COP21 em Paris está no começo, o Greenpeace acha que é cedo para delinear acordos na área de energia.
A entidade, que acompanha as negociações, conta que países têm discutido como aumentar a oferta, mas sem uma solução global.
“Estamos vendo, pelo discurso dos chefes de Estado, que essa é uma preocupação acima da média, com a Índia liderando. A raiz do problema é como trazer investimentos para fazer a transição [para energia limpa]”, disse Baitelo.
Fonte: Exame Abril