Segundo pesquisa da Fiesp/Ciesp, aumento de 18,2% é recorde na série histórica. Em relação ao mês passado, março teve melhor desempenho desde 2004
A atividade da indústria paulista mostra mais uma vez a boa aceleração de seu crescimento. O Índice de Nível de Atividade (INA) da Fiesp e do Ciesp apontou alta de 18,2% no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2009. O resultado foi o mais expressivo de toda a série histórica, iniciada em junho de 2001.
Em comparação com o mês passado, março apresentou o melhor resultado desde 2004, com aumento de 18%, sem ajuste sazonal. Contando com o ajuste, o dado passa para 2,8% positivos, segundo dados divulgados pelo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos das entidades, Paulo Francini, nesta terça-feira (27), na sede da Fiesp.
“Não esperávamos um crescimento tão forte do INA, o que nos leva a crer que em abril vamos atingir os níveis de atividade que possuíamos antes da crise”, avaliou.
Frente a março de 2009, o Índice apresentou expansão de 20,7%. Somente no acumulado de doze meses, o resultado se mantém negativo em 1,1%, fato que confirma a previsão da Fiesp.
A indústria em números
As variáveis que compõem o Índice se mostraram todas positivas, com destaque para vendas reais, que fechou o mês com 4,9%. Salário real médio teve ligeira queda de 0,2%, que, contudo, pode ser considerada inexpressiva, conforme explicou Francini.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) revela que a indústria paulista utilizou 81,6% do seu potencial, levando em conta o ajuste sazonal. Sem ele, o dado fica praticamente no mesmo patamar: 81,3%.
“Normalmente o Nuci cresce em março, mas já percebemos um salto bem maior que no ano passado”, afirmou o diretor.
Destaques setoriais
Segundo Francini, o desempenho industrial não deu espaço para comportamento negativo entre os segmentos analisados, pois “os valores dos positivos são muito homogêneos”.
Em março, a atividade da indústria têxtil foi a que mais se destacou, marcando 19,4% de aumento em relação ao mês passado, sem o ajuste sazonal. A expansão dessazonalizada foi de 3,7%. Frente a março de 2009, o crescimento foi de 9,6%.
O diretor esclareceu que o setor já superou a crise financeira, porque está ligado aos produtos de consumo não duráveis, característicos do aquecimento do mercado interno, que vem ocorrendo no Brasil.
“O setor têxtil apresenta um vigor de recuperação acima da média. Sem dúvida sofreu como todos os outros, mas nos últimos dois meses teve uma excelente recuperação”, acrescentou.
Já minerais não-metálicos cresceu 10,7% neste mês, sem o ajuste sazonal, se comparado a fevereiro. Com o ajuste, foram 3,7% positivos. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 3,7%.
“O desempenho positivo do segmento é sinal de que realmente a fase ruim está sendo extinguida, pois estes insumos são captados por outras diversas frentes importantes da indústria”, ressaltou Francini.
O segmento de artigos de borracha e plástico também apresentou comportamento positivo, com 6,9% de aumento frente ao mês passado. A variação com o ajuste sazonal é de 2,1%. Já em comparação a março de 2009, o crescimento foi de 16,8%. De acordo com Francini, o setor superou o marco zero de antes da crise. E mostra bom ímpeto.
Saindo da crise
Francini também comentou sobre a posição dos setores da indústria frente à produção pré-crise. Onze deles já alcançaram os níveis de atividade de setembro de 2008: minerais não-metálicos; materiais elétricos; veículos; móveis e diversos; alimentos e bebidas; têxtil; papel e celulose; refino de petróleo e álcool; químicos; borracha e plástico e outros equipamentos de transporte.
Os outros seis segmentos, entre os medidos pela série, ainda se encontram abaixo da marca de 2008. São eles: máquinas e equipamentos; edição e gráfica; metalurgia básica; produção de metal; material eletrônico/comunicação e informática.
Sensor
“A marca de 56 pontos atingida pelo Sensor de abril continua sendo positiva dentro do processo que estamos passando, apesar de mostrar ligeira queda em relação ao mês passado”, esclareceu Francini.
A variável investimento foi a única que subiu no Sensor Geral, e fechou com 59,4 pontos. Mercado (61,9) e estoque se mantiveram estáveis; vendas (52) e emprego (53,1) perderam pontos.
“A queda em emprego é inegável, mas isso é porque o ímpeto de contratação já deve ter ultrapassado seu ápice”, ponderou o diretor. O comportamento dos setores que tiveram queda são sintomas comuns em períodos de recuperação econômica, prosseguiu Francini.
“O nível de aceleração vai logo encontrar seu ponto de acomodação. Isso não significa que vai entrar em queda, mas que irão começar a se acomodar. Nada contra essa redução, ela é necessária”, concluiu.