Com a escassez de recursos naturais que vivemos atualmente, a palavra sustentabilidade virou sinônimo de sobrevivência, não só para o planeta e seus habitantes, mas principalmente, para as empresas que querem garantir rentabilidade aliando responsabilidade ambiental e ações de cidadania. O crescimento mundial – populacional e econômico – não é sustentável! Portanto, o desafio das companhias é reinventar-se para alçar o desenvolvimento, crescer transformando a realidade presente em melhoria global.
Originariamente sustentabilidade tem a ver com longevidade, com mudança de hábitos e de cultura, com resiliência e superação, isto é, com a capacidade de se transformar para sobreviver às intempéries e evoluir com a natureza. Hoje, no entanto, ser um negócio sustentável virou uma espécie de modismo e o conceito vem sendo empregado, inclusive, por aqueles cujas práticas não correspondem integralmente à proteção ambiental ou à qualidade de vida das comunidades envolvidas nem com a longevidade do negócio.
Medidas simples como reciclagem, destinação adequada de resíduos, produtos tóxicos e restos de matéria-prima e o reuso de materiais podem fazer alguma diferença nos aspectos ambientais, mas para a construção de diretrizes realmente sustentáveis é preciso implementar soluções e estratégias de sustentabilidade empresarial, entre elas a comunicação. Mais que boa vontade, é preciso ter uma espinha dorsal alicerçada em conceitos, práticas e resultados, que torne sustentável também a cadeia de suprimentos e fornecedores.
No Brasil, a maioria das ações de sustentabilidade ainda está engatinhando. Teremos que nos esforçar muito mais para conciliar nosso processo produtivo com a preservação do meio ambiente e da sociedade como um todo. O caminho é o equilíbrio entre pessoas, natureza e negócios, num jogo de ganha-ganha, em que todas as partes se beneficiem e, neste aspecto, a comunicação é imprescindível.
Como não é possível, no curto prazo, mudar a organização inteira, é preciso escolher dentre as áreas, as mais críticas, para criar uma situação favorável às mudanças e transformar cada caso em oportunidade e esperança de um futuro melhor. Para conseguir êxito nas medidas de desenvolvimento sustentável, em primeiro lugar, é preciso conscientizar a base da pirâmide produtiva sobre a urgência das ações em defesa do meio ambiente e suas consequências na vida das pessoas. A capacitação sobre práticas de sustentabilidade, para o quadro funcional e fornecedores desenvolverem suas atividades, também faz parte da estratégia de desenvolvimento sustentável. Faz-se necessário ainda, compartilhar informações sobre responsabilidade socioambiental e trocar experiências com objetivo de transformação cultural.
Instrumentos de comunicação permitem construir e melhorar a imagem de uma empresa, entidades e públicos internos e externos. Até mesmo influenciar consumidores e ganhar novos seguidores. Também possibilita que as empresas posicionem-se em seu mercado de atuação. Alcançar a meta desejada depende de uma estratégia bem elaborada e que caiba no bolso do investidor. Para fazer parte do alinhamento estratégico ligado aos preceitos de sustentabilidade, a comunicação deve obrigatoriamente estar focada ao pensamento, aos negócios e aos objetivos do empreendimento.
Tomemos casos de sucesso no “Planejamento Estratégico de Sustentabilidade Empresarial”, como o da Natura, por exemplo, que obedecem as diretrizes de: responsabilidade para com as gerações futuras; educação ambiental; gerenciamento do impacto ao meio ambiente; do ciclo de vida de produtos e serviços; e da minimização de entradas e saídas de materiais.
Para isso, a fabricante de cosméticos cumpre todos os requisitos legais, controla todas as fases de produção, reduz a utilização de insumos que prejudiquem a ecologia, bem como, extinguiu os testes em cobaias e as embalagens ecologicamente incorretas. Outro detalhe é o emprego de tecnologias limpas e a promoção da melhoria contínua nos processos de toda sua cadeia produtiva, com redução de emissões de gases geradores do efeito estufa. Também procura desenvolver modelos de negócios que levem em conta os princípios e as oportunidades advindas da sustentabilidade. Além disso, adota instrumentos capazes de medir, monitorar e auditar o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos. A empresa ainda está preparada para quaisquer tipos de incidentes e comunica isto o tempo todo em seus informativos internos e externos, em suas notícias divulgadas pela imprensa, em seu material institucional e mercadológico.
A sociedade de consumo valoriza atitudes como o gerenciamento da qualidade do ar, da água e do solo, o controle de efeitos sonoros, a redução do desperdício, o uso de materiais biodegradáveis, a compensação de pegadas ambientais. Essas, entre outras iniciativas, devem fazer parte das estratégias de sustentabilidade de empresas comprometidas com um planeta melhor para os nossos filhos e devem ser exaustivamente anunciadas às futuras gerações.
No Brasil já foi criado, por iniciativa da Bolsa de Valores de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, Instituto Ethos e Ministério do Meio Ambiente, um Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Seu intuito é incentivar os investidores a aplicarem seu capital em empresas que trabalhem com políticas de desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e ambiental, compromisso ético e boas práticas de negócios.
Embora algumas corporações pensem nisso apenas como retorno de marketing, que podem auferir da sustentabilidade empresarial, essa nova abordagem deve ser empregada conscientemente, no sentido de reintegrar o homem à natureza. Muitos empreendimentos já adotaram o conceito de responsabilidade socioambiental empresarial em seus processos produtivos e o transferem à cadeia de fornecedores e parceiros. As companhias nacionais têm que repensar o jeito de fazer negócios, respeitando o que é ecologicamente correto, ao mesmo tempo, economicamente viável; socialmente justo e culturalmente aceito.
Anúncios e divulgações a respeito podem dar excelentes resultados na adesão do conceito da sustentabilidade. O que garantirá seu sucesso é o alinhamento da forma de comunicação às necessidades de cada empresa. Para isso é preciso saber onde se está e onde se quer chegar!
Clarice Pereira é jornalista, formada pela USP – Universidade de São Paulo e especialista em marketing, pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing. Há 30 anos desenvolve atividades de comunicação empresarial. Atualmente comanda a Link Portal da Comunicação (www.linkportal.com.br), assessoria de comunicação integrada, fundada há mais de 10 anos. E-mail: linkcomunicacao@linkportal.com.br
Fonte: http://www.investimentosenoticias.com.br